AULAS ONLINE: DICAS, ESTRATÉGIAS E REFLEXÕES.

Quando falamos em ensino de inglês online, pensamos em comodidade, eficiência, mercados e nichos diferenciados e novas oportunidades. No entanto, há ainda inúmeras dúvidas sobre online teaching que atormentam muitos profissionais do ELT. Com o objetivo de tentar esclarecer algumas dessas dúvidas, convidei um verdadeiro ícone do online teaching no Brasil, Cecília Nobre. Nesse bate papo profissional Cecília e eu iremos abordar alguns dos desafios inerentes do ensino online e mencionar aspectos de auto-avaliação do processo ensino aprendizagem e action research.

 

(Julio Vieitas) Obrigado por aceitar o meu convite Cecília!

(Cecília Nobre) É um prazer participar Júlio!

 

(JV) Quais vantagens você vê no ensino online?

(CN) Eu vejo infinitas vantagens!

A primeira é o alcance do professor, nós não precisamos ficar limitados a dar aula somente em bairros próximos.

A segunda vantagem é a diversidade de alunos, por exemplo, eu tenho uma aluna russa que mora em Moscow, outra aluna que mora em Istambul. Não ficamos limitados a dar aula somente  a alunos brasileiros e aprendemos muito com alunos de backgrounds diferentes. Além disso, podemos cobrar o valor que achamos justo, não caindo na armadilha de cobrar baseado na média do que seu bairro cobra.

Por fim, não temos o desgaste e estresse de sair de casa para dar aula, enfrentar o trânsito louco da nossa cidade, perder tempo viajando de um lugar para o outro. Com isso otimizamos nosso tempo e dinheiro.

 

(JV) O que te motivou a fazer a transição para o ensino online? Valeu a pena?

(CN)O que me motivou foi o estresse e a quantidade de horas perdidas no meu dia, eu dava aula presencial na casa dos meus alunos e gastava em média 3-4 por dia em viagens. Foi a melhor decisão da minha carreira nos últimos 10 anos.

 

(JV) Quais os maiores desafios você encontrou na sua trajetória online e como você os superou?

(CN)Eu enfrentei inicialmente uma resistência por parte de alguns alunos, na minha cabeça era impossível um aluno não topar migrar para aulas online. Tolinha eu! Conversei com alguns amigos mais experientes em online teaching na época e aos poucos fui entendendo que nem todo o aluno tem o perfil para fazer aulas online e isso é um  problema. Há espaço para todos. Também investi em bons equipamentos, como um bom headset e conexão de internet para ter certeza que a parte técnica não daria problemas.

 

(CN)Foi diferente para você Júlio?

(JV) Na verdade não, eu comecei a dar aulas online em meados de 2011 pois tinha poucos horários em minha agenda e os horários livres eram ou muito cedo ou muito tarde. Não iria sair de casa 5:15 am pra dar aula uma hora de aula as 6:00 am. Na época precisava de dinheiro para investir pesado em meu CPD (Celta, cursos na Inglaterra, Delta, e posteriormente o mestrado). Precisava de dinheiro e a forma que encontrei foi oferecer aulas online. Alguns recusaram mas, os que aceitaram gostaram das aulas e me deram feedbacks importantes sobre áreas que poderiam ser ainda melhores. Equipamentos, método de ensino que muda do presencial para o online, acompanhamento das aulas, tudo isso foi algo que coletei de meus alunos na forma de feedback e fui implementando. Recentemente, o uso de plataformas que permitiram a parte assíncrona de minhas aulas foi um verdadeiro divisor de águas. Nesse caso, gosto muito do asana e do google classroom. Eles ajudam muito a gerenciar e otimizar as atividaes em momentos assíncronos do curso. 

 

(JV) Como professores autônomos, muitas vezes precisamos repensar a nossa prática pedagógica até porque não temos um coordenador pedagógico ou gerente acadêmico que nos auxilie e isso me leva a próxima pergunta: Como você avalia as suas práticas pedagógicas com seus alunos online?

(CN)Eu gosto de motivar meus alunos a fazerem uma imersão em inglês no dia a dia através de seus próprios interesses e objetivos. Uso o questionário mensal como um guia para nosso planejamento a curto e longo prazo. Também gosto de mostrar aos meus alunos o quanto eles estão progredindo através das gravações de aulas a cada duas semanas. Algo que percebo como fundamental é conversar com meu aluno para juntos traçarmos um plano de aprendizado individual. Gravo meu aluno falando por 2 ou 3 minutos sobre um tema proposto onde ele precisa utilizar algumas estruturas e itens lexicos ensinadas naquelas 2 semanas. Além disso, mensalmente envio um curto questionário para o aluno para ele se auto-avaliar e me ajudar a preparar as metas linguísticas do mês seguinte. Futuramente quero aplicar princípios de action research com meus alunos individuais e grupos para poder interferir e melhorar minha prática.

 

(CN) Você utiliza action research em suas aulas, não usa Júlio?

(JV) Uso alguns princípios de action research sim. Eu tenho uma preocupação muito forte sobre as minhas crenças e parcialidades. Posso acreditar que utilizar, por exemplo, task based com certos alunos é a melhor estratégia. Pode ser que não! Gosto de investigar a percepção de meus próprios alunos e comparar a visão deles com a minha. Tive surpresas que a princípio pareciam negativas mas que se provaram essencial para garantir a satisfação dos meus clientes no longo prazo. Questionários sobre a percepção de meus alunos, especialmente quando uso alguma prática pedagógica pela primeira pode ser revelador!
Além disso, gosto de utilizar técnicas de action research quando me deparo com algum problema pedagógico. Por exemplo, um determinado aluno tem uma dificuldade anormal em skills lesson. Preciso investigar a raiz do problema e action research já me ajudou bastante.

 

(JV) Você acredita que o feedback de seus alunos pode ser usado como bússola das aulas online, Cecília?

(CN) Ah, feedback é de suma importância, que está intrinsecamente ligado ao rapport que estabelecemos com nossos alunos. O feedback dos alunos é quase imediato e é baseado numa relação de respeito e confiança muito grande, a ponto de eu perguntar honestamente se eles gostaram da aula, o que eles aprenderam, o que pode ser melhorado e como posso ajudá-los. Eu levo muito a sério o feedback que eles me dão e uso a contribuição deles como matéria prima para nosso curso.

 

(JV) Obrigado por esse bate papo profissional que acabamos de ter Cecília! Adorei debater esse tópico com você!

(CN) Muito obrigada, Julio. O prazer foi meu!

E você que nos acompanhou até aqui, separamos um presente especial. criamos para você um infográfico com 15 sites essenciais para você preparar aulas online, usar como recurso extra ou estudar métodos, técnicas e abordagens em ELT. Basta na imagem a seguir:

E qual é a sua opinião sobre o ensino de inglês online? Quais são os maiores desafios? Escreva nos comentários abaixo para enriquecermos ainda mais esse debate!

Um grande abraço e ótimas aulas para você 🙂

3 comentários em “AULAS ONLINE: DICAS, ESTRATÉGIAS E REFLEXÕES.”

  1. Júlio! Sou muiiito sua fã! Acompanho os artigos aqui no site e já até usei o sobre CPD em uma reunião com meus professores. Eles gostaram bastante e percebi que foi um incentivo importante. Estou me programando para começar a atender alguns alunos online e com certeza a entrevista com a Cecília será de grande ajuda! Parabéns pelo trabalho. Sucesso!

    1. Oi Tatiana!
      Muito obrigado pelo feedback! É uma enorme satisfação saber que o trabalho que venho desenvolvendo está contribuindo para a comunidade ELT. Olha que bacana, o artigo ganhou vida própria e agora vai onde ele é necessário! Muito obrigado pelo carinho e suporte. Conte comigo 🙂

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